Este artigo não é sobre como crescer no Instagram.
Aqui não irei discutir nenhuma estratégia para ter sucesso nesta rede social.
Não te vou ensinar a cativar multidões. Nem como atrair seguidores. Nem como aparecer na “explorer page”. Nem como ganhar a atenção de um público vasto com cenas da tua vida real.
Mas quero falar-te sobre como estou a crescer de forma orgânica nesta rede enquanto procuro refinar as minhas capacidades como fotógrafa e escritora sem me deixar consumir pela ansiedade que o Instagram tende a gerar.
A snapshot que partilho abaixo, tirada em Junho de 2019, mostra-te que estou longe de ser uma “influencer” ou sequer uma conta minimamente relevante no meu nicho.
Mas com pouco mais de 8 meses de existência e cerca de 1600 seguidores tive tempo para cometer vários erros idiotas e aprender muito sobre mim mesma no processo. Hoje quero falar-te sobre eles.
Porquê?
Porque gostava de ter lido um artigo assim quando estava a começar.

O que mais subestimei no início foi o impacto da minha própria personalidade teria no crescimento da minha conta.
Deixei-me consumir com tantos “truques” de marketing tão popularizados por “influencers”, apenas para descobrir que estes raramente se aplicavam a mim. Enquanto que a maioria das pessoas encara o Instagram como uma corrida de velocidade, percebi que eu teria que encarar este desafio de uma forma bem diferente: como uma ultramaratona!
A insegurança e a ansiedade na era do Instagram
Como millenials, tanto do nosso sucesso e oportunidades futuras dependem do nosso Instagram, por isso deixámo-nos consumir. Contudo, onde é que colocamos os nossos limites? Ser engolidos pelas redes sociais é tão perigoso para a nossa saúde mental. Quando começas a tratar os teus posts como uma performance que toda a gente está a ver, começas a tratar a tua vida como algo encenado e pouco saudável. Se usas o Instagram continuamente desta forma, esta rede torna-se num local de julgamento, comparação e insegurança. Esta prática planta a semente da ansiedade que está cada vez mais enraizada nas mentes daqueles que se deixam consumir por esta app.
Maya Allen, The Thirty
A ansiedade, na maior parte dos casos, nasce de uma insegurança enraizada nas nossas crenças mais profundas.
A falta de “likes” ou uma descida no nosso “engagement” pode provocar uma dor quase física, quando nos permitimos acreditar que estes RESULTADOS definem o nosso VALOR ou POTENCIAL. Quando nos permitimos acreditar que o talento é algo imutável.
Mas livros como o Mindset da Carol Dweck ou o Grit da Angela Duckworth, duas mulheres assaltadas pelas mesmas perguntas, mostram-nos cada vez mais que o talento é irrelevante a longo prazo.
O que importa é a garra, é a teimosia, é atirarmo-nos aos nossos objectivos de unhas e dentes, é acreditar em nós mesmos quando tudo parece estar contra nós… sim, até mesmo o temível algoritmo do Instagram!
Penso que foi essa insegurança que me fez entrar em muitas chuvas de seguidores, seguir contas de forma massiva e tentar outras tácticas menos elegantes como “boots” e apps de seguimento automático…

Estas técnicas prometem seguidores rapidamente. Mas chegou a altura de admitirmos que não é pelos seguidores que as usamos.
Nós usamos essas tácticas porque procuramos validação. Porque queremos encher o buraco que se abre no nosso peito de cada vez que as coisas não correm como queremos. Porque precisamos que alguém nos diga que somos bons, que somos inteligentes, mordazes, interessantes, cativantes… mas porquê deixar tudo isso na mão de estranhos? Porque que não abraçar a nossas imperfeições e crescer com elas?
Mas tudo isto é difícil de implementar. Principalmente quando é 1 da manhã e ainda estamos agarrados ao telemóvel à espera que caiam “likes”, comentários e DM’s.
Como quase todas as pessoas que usa esta rede de forma profissional, eu também fui apanhada na teia da ansiedade e insegurança. Um post com um baixo “engagement” era suficiente (e às vezes ainda é) para me deixar de mau humor para o resto do dia e para me afastar daquilo que quero realmente fazer: escrever.
Quando isso começou a interferir com os meus relacionamentos, eu soube que era altura de mudar a minha mentalidade e a minha rotina. Aqui estão algumas das coisas que faço para impedir que o Instagram roube a minha sanidade mental:
1# Evito abrir o Instagram ao acordar e ao deitar
Uma das medidas que mais impacto teve na minha vida foi não agarrar no telemóvel ao acordar, nem me entregar ao scroll infinito antes de dormir.
A nossa mente está mais vulnerável quando acordamos. Mais susceptível a estímulos externos. Mais fértil. Esta é a altura ideal para plantarmos aquilo que queremos recolher ao longo do dia. Não é uma boa altura para nos expormos à perfeição encenada do Instagram. Por muito maravilhosa que seja esta rede social, a sua perfeição encenada leva-nos a cair na armadilha da comparação e isso apenas nos fazer sentir mais miseráveis e ingratos com as nossas bênçãos.
2# Desliguei as notificações automáticas e eliminei a app do meu ecrã principal
Permitires que o Instagram interrompa o teu dia com notificações infinitas é aquela coisa aparentemente pequena e inconsequente que pode consumir as tuas energias.
Eu costumava desejar que o meu telemóvel fosse inundado por notificações. Mas agora, sinto que elas apenas servem para quebrar a minha concentração e energia. Aprendi que me tenho que respeitar primeiro e esse respeito começa por impedir que esta app interrompa o meu dia de forma totalmente aleatória e desnecessária.
3# Foco-me mais na criação de conteúdo e não na avaliação de resultados
Quando o meu “engagement” fica longe das minhas expectativas tenho sempre a tendência a desanimar. Mas há algo que sempre digo a mim mesma para interromper esse ciclo negativo: se pensares bem, o “engagement” que este único post está a gerar agora, será irrelevante a longo prazo.
Qual vai ser a importância de um mau post daqui a 1 ou 2 meses? E daqui a 1 ano?
Na verdade, um pequeno fracasso torna-se completamente irrelevante a longo prazo… isto é, se decidirmos continuar a trabalhar em direcção aos nossos objectivos.
4# Ser sempre genuína
Tentar agradar a gregos e a troianos costuma acabar mal. Somos todos humanos e não podemos esperar que todas as pessoas que cruzam o nosso caminho virtual gostem do nosso conteúdo. Tentar agradar a todos é o caminho mais rápido para arruinarmos a nossa sanidade mental.
O Instagram incentiva esse comportamento de forma inconsciente. Os nossos fracassos, os nossos momentos menos elegantes, as nossas dúvidas ficam enterradas debaixo das nossas fotos encenadas e legendas inteligentes. Limamos as nossas arestas para não incomodar. Suavizamos a nossa personalidade para não chocar.
Mas entendemos tudo ao contrário. As farsas têm vidas curtas e sequelas muito graves na nossa saúde mental.
Nada melhor do que nos aceitarmos como somos e aprendermos a viver da forma mais expressiva e livre possível. O que me leva ao próximo ponto.
5# Aprendi a ficar grata pelos “unfollowers”
É irritante ver os nossos seguidores a diminuir. É irritante ver que tantas pessoas nos deixam de seguir no mesmo instante em que passamos a segui-las. É ainda mais irritante quando isto nos prende a uma outra app para apanhar esses falsos seguidores e nos vingarmos deles dando-lhes um “unfollow” de volta.
E a verdade é que, no meio disto tudo, a única pessoa que perdeu tempo neste ciclo vicioso fomos nós.
Agora, sempre que vejo os meus números a cair penso: Está tudo bem, eu não tinha nada de valor para acrescentar à vida desta pessoa, agora que ela foi embora criou o espaço para que outras pessoas possam entrar.
Em 2019 o número de seguidores é cada vez mais irrelevante. O que conta agora é a qualidade e não a quantidade.
Quando tens muitos seguidores que não se interessam pelo teu conteúdo, estás a reduzir as probabilidades de que o teu conteúdo seja mostrado aos seguidores que de facto se interessam por ele.
O que significa que, a longo prazo, são as relações e interacções genuínas que contam. Não os números.
Por isso deixei de acreditar em técnicas como o follow4follow, grupos de “engagament” (também conhecidos como Instagram pods), chuvas de seguidores… nada disto te dará seguidores e interacções de qualidade. E é por isso que eu desisti de participar nessas iniciativas.
6# Desisti de tentar “vencer” o algoritmo do Instagram
Alguém sabe realmente como funciona o algoritmo do Instagram? Será que não o saberão apenas aqueles que o criaram e refinaram? Então porquê acreditar que o algoritmo é malévolo e está contra nós? Qual é a utilidade para essa nossa frustração?
Na verdade, a única estratégia que funciona é: interagir, criar conteúdo de qualidade (não autopromocional), publicar nas horas adequadas, usar “hashtags” relevantes, adicionar a localização, responder a TODOS os comentários e criar bons relacionamentos com outros usuários da plataforma…
E o mais importante: PACIÊNCIA!
7# Tento encontrar um equilíbrio entre aquilo que os meus seguidores querem ver e aquilo que tenho a oferecer
Talvez um post com um baixo “engagement” me deixe rabugenta. Mas há sempre uma coisa que me tira desse ciclo: preparar outro post, escrever um artigo para o meu blog, trabalhar num conto ou no meu livro.
Quando me entrego a uma tarefa que amo, as minhas preocupações evaporam-se. A minha mente foca-se em criar em vez de consumir e não há mau humor que resista a isso. O ser criativo é um ser que recicla tudo o que lhe acontece para dar forma a algo novo.
Uso estes momentos para procurar temas que sejam do interesse dos meus seguidores. Dou-me o tempo necessário para digerir os meus pequenos fracassos e entender as lições que essa falta de progresso me pode ensinar. Faço as pazes comigo mesma e foco-me em tentar entender como ajustar a minha mensagem.
8# Tenho o meu objectivo sempre presente
Quando as coisas ficam difíceis sempre volto à minha base, ao meu mantra: porque é que estou a fazer isto? Porque quero um espaço onde possa partilhar o meu amor pela Fantasia, Ficção Científica e pela escrita
Quero um espaço onde possa falar das coisas que amo e onde possa continuar a cultivar as minhas capacidades. Quero perceber o que os leitores actuais gostam de ler. Quero perceber o que é que os apaixona.
Quero criar parcerias e amizades com outros autores que estão agora a começar o seu caminho. E quero criar um sítio onde possa mostrar aos fãs do género a minha própria escrita.
Aos olhos da sociedade e do algoritmo posso ter uma conta irrelevante. Aos meus próprios olhos, não podia estar mais feliz com os meus pequenos sucessos.
9# No início, experimentar, testar, arriscar são mais importantes do que ter um “feed” perfeito
Penso que existe uma histeria colectiva que nos quer infectar com essa ânsia de ter um “feed” perfeito.
Os meus primeiros meses de Instagram estão recheados de experiências. Não me quis definir cedo demais e isso foi bom. Ignorei todos os conselhos até ter começado a refinar os meus próprios gostos e até ter encontrado a minha própria “voz”.
Alguém perito em marketing dirá que perdi o meu tempo. Eu acredito que ganhei experiência e isso é mais importante do que resultados imediatos.
10# Consistência e qualidade são mais importantes do que quantidade
Consistência, rotina, qualidade, tudo isso pesa muito mais na hora do Instagram avaliar a qualidade da tua conta. Tudo isso mostra aos teus seguidores se estás empenhado ou se estás a brincar.
Se isto te interessa e te importa e te apaixona, ou se estás a tentar crescer pelos motivos errados. Uma conta consistente é uma conta forte, uma conta que será activa e relevante independente das circunstâncias.
11# Investir no meu blog e numa página de Facebook ajudou-me a encontrar o equilíbrio
Tenho descoberto nos últimos tempos que é fantástico aprender mais sobre SEO e content marketing. Partilhar notícias que gosto no Facebook. Ou até escrever um pensamento idioticamente profundo no Twitter.
Sou irrelevante em todas estas redes sociais. As minhas contas são pequenas e o meu blog recebe poucas visitas. Mas pelo simples facto de sair do formato rígido do Instagram, sinto-me uma pessoa muito mais equilibrada e criativa.
Afinal de contas, será que o Instagram vai existir daqui a 5-10 anos? Será que a falta de visibilidade nesta rede não nos empurra a investir a nossa criatividade noutros lugares? Eu acredito que sim, e isso tem-me feito uma pessoa muito mais equilibrada.
Fala-me da tua experiência como usuário desta rede. O Instagram também te gera ansiedade? O que é que fazes para lidar com isso?
Os artigos que inspiraram este post:
3 Influencers on How They Got Over Instagram Anxiety—Because Yes, It’s a Thing by Maya Allen
Instagram is supposed to be friendly. So why is it making people so miserable? By Alex Hern
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