Curiosidades que não sabias sobre “O Caça-Cidades”, o conto que nasceu da quarentena

Não há dúvidas que o conto literário “O Caça-Cidades” nasceu do sentimento de claustrofobia que carreguei comigo durante a quarenta de quase 17 semanas que começou no dia 17 de março de 2020.

Talvez tenha sido essa claustrofobia e o intenso sentimento de isolamento que fizeram com que esta pequena obra tenha sido mais autobiográfica do inicialmente previ. Foram muitos os pequenos e grandes momentos da minha vida que trespassaram a minha mente e saltaram para as páginas em branco.

O resultado é uma das histórias mais íntimas que escrevi até ao momento e hoje quero dizer-te porquê:

A amendoeira japonesa

As flores da amendoeira japonesa não eram mais do que tímidos botões escondidos entre a folhagem quando o caça-cidades nasceu.

primeira frase do conto “O Caça-Cidades”

Viver no rés-do-chão não deixa de ter os seus desconfortos, mas a quarentena acabou por me demonstrar que podemos encontrar beleza em todas as situações, mesmo nas mais desconfortáveis. Durante toda a quarentena tive como companhia uma bela amendoeira japonesa, plantada no pátio mesmo em frente à janela da minha casa de estar. Acompanhar todo o processo de nascimento e morte destas lindas flores foi algo que inspirou o começo desta história.

Créditos: MichaelGaida from Pixabay

“Viagem a Tóquio” de Yasujiro Ozu

Este filme foi o primeiro contacto que tive com o cinema clássico japonês. Confesso que o vi, não por decisão consciente, mas apenas porque o meu irmão o sugeriu.

Vimos este filme juntos na acolhedora sala do Teatro do Campo Alegre há uns anos, e desde então sempre recordo o filme com carinho. E sim, chorei no final deste filme e a sala estava cheia de idosos simpáticos que pareciam genuinamente felizes pela nossa companhia.

Ironicamente, aprendi muito sobre a cultura japonesa durante os meus tempos de estudante no Porto e este filme é apenas uma delas!

Captura de ecrã do filme “Viagem a Tóquio”

Enfermeiras para-quedistas da Guerra Colonial

Queria que a Senhora Dolores, uma personagem do conto, fosse alguém pouco convencional e nada tradicional. Precisava de criar uma mulher lutadora nascida numa vila pequena (como eu), cujas escolhas tenham desafiado as normas da sociedade da sua altura.

Queria criar alguém que inspirasse as minhas jovens e confusas protagonistas e misturá-la com um pedacinho da história do nosso país. Foi numa manhã de pesquisa intensa que descobri a história das enfermeiras para-quedistas da Guerra Colonial. Depois de ver um documentário sobre estas mulheres corajosas (um de poucos, visto que pouco se fala sobre estas mulheres) soube imediatamente que a Senhora Dolores seria uma delas.

1º Curso de Enfermeiras Para-quedistas

O desconforto

Desde que fiz Erasmus nas Ilhas Canarias no inverno de 2007/08, que tenho andado com um pé dentro e outro fora de Portugal. Este saltitar entre países europeus culminou recentemente com a mudança permanente (para já) para França. Depois de anos em constante mudança, não posso deixar de me sentir uma estranha sempre que visito o meu país.

É um sentimento estranho e ao mesmo tempo familiar a todos os imigrantes, essa sensação de que tudo mudou (principalmente as pessoas), embora tudo continue essencialmente igual.


Gostaram de descobrir estas curiosidades sobre o conto?

Podes descobrir a opinião doutros leitores sobre este conto no Goodreads, ou adquiri-lo através da Amazon (ebook e papel).

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